Nota de imprensa: Dia Mundial da Água
22 Março 2013
Uso eficiente da água ou ameaça aos ecossistemas, património e economia?
Por ocasião do Dia Mundial da Água, que hoje se celebra,
e no Ano Internacional da Cooperação pela Água, o GEOTA congratula-se com a
reactivação do Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA). Sendo a
água um recurso limitado é necessário que seja protegido, conservado e gerido face às necessidade estratégicas do país; é
prioritário aumentar as disponibilidades de água usando melhor os
recursos existentes, com medidas eficazes e melhores práticas nos diversos
sectores, minimizando investimentos caros em novas infra-estruturas.
O PNUEA 2012-2020 tem como principais objectivos: (i)
melhoria da eficiência de utilização da água em Portugal, sem pôr em causa as
necessidades vitais, a qualidade de vida das populações e o desenvolvimento
socioeconómico; (ii) minimização dos riscos de rotura decorrentes da
carência de água; (iii) desenvolvimento de uma nova cultura da água em
Portugal, numa óptica de desenvolvimento sustentável; (iv) redução da
poluição em massas de água; (v) redução do consumo de energia.
Não podemos nesta ocasião deixar de relembrar o Programa
Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH), que continua
a ser um atentado ambiental, um desastre económico e social, contraditório aos
objectivos do PNUEA e infringindo a lei nacional e comunitária, em particular a
Directiva-Quadro da Água e a Directiva Habitats. O PNBEPH promoveu a aprovação
de 9 novas barragens, que destruirão o património e o potencial turístico de
outros tantos rios, a pretexto de aumentar a produção de energia renovável e reduzir
a dependência energética. Na verdade, as novas barragens representariam apenas 0,5%
da energia primária do País, com um custo por kWh pelo menos 10 (dez) vezes
mais caro que as alternativas de uso eficiente da energia, e iriam implicar um
acréscimo médio de cerca de 10% na factura da electricidade das famílias. Parar
este programa megalómano e fraudulento é uma oportunidade de ouro para cortar
na despesa pública e poupar biliões de Euros às famílias portuguesas.
Outro instrumento estratégico, o Plano Nacional da Água,
conta já com três anos de atraso. Este Plano visa estabelecer as grandes opções
da política nacional, enquadrando os planos de gestão de bacias hidrográficas,
ferramentas essenciais para a boa gestão da água.
No dia em que se celebra o Dia Mundial da Água, é
importante ainda recordar números inquietantes da FAO (Food and Agriculture
Organization da ONU): 1100 milhões de pessoas não têm acesso a água potável; 2600
milhões de pessoas não dispõem de saneamento básico; cada dia 3 800 crianças
morrem vítimas de doenças relacionadas com a falta de higiene e de água potável.
Hoje uma em cada cinco pessoas vive numa região atingida pela escassez de água,
e em 2025 este indicador poderá degradar-se para duas em cada três pessoas.
No contexto actual de crise económica e ambiental,
nacional e mundial, o conhecimento científico dos problemas devem ser fulcral
na tomada de decisões assertivas, baseadas numa governança participada, activa,
motivada, transparente. Temos de definir prioridades para uma boa gestão dos
recursos hídricos, não para satisfazer qualquer ideologia ou interesse
sectorial, mas para servir as pessoas, da geração actual e das gerações
futuras.
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